Vieste de longe
Alugaste um espaço no meu coração
Vieste e jamais foste.
Tomou posse de todos os espaços possíveis
E nem paga aluguel...
Eu queria poder entender o que virou deste drama
Por que vens e vais
Por quê mantém todos os teus objetos aqui
Sendo que nunca quer ficar...
Mas também não quer ir.
Eu te observo
Vejo você conquistando tudo aquilo que sempre desejou
Vejo você entregando-se ao teu coração
Vivendo da arte e da poesia...
E eu aqui pensando se eu te merecia...
O que houve entre nós?
É sempre um vem e vai.
Nunca é um para sempre...
De nenhum lado.
Não vai pra sempre, mas também nunca fica.
E aí, o que houve entre nós?
Eu sou dona de um coração
Que jamais ficou vazio
Mas também não tem dono
Porque o espaço é todo teu
Mas tu também nunca estás.
E o que eu faço comigo mesma?
Mando-te embora? Peço-te para ficar?
Eu nunca soube o que esperar de ti.
Um dia amor, noutro dor.
Somos essa tempestade
Nos encontramos nos sonhos
Nos repelimos e nos atraímos
E é tudo tão forte que eu fico tonta.
Perco o chão, caio, vagueio, cambaleio...
Nunca firmamos... Nunca nos deixamos.
O que temos é um amor itinerante
Ele fica, se arrasta, cria um circo, um baita show
E depois levanta o acampamento e vai embora.
O tempo passa... E novamente acontece.
E o tempo voa... E novamente tudo passa.
O tempo passa... E novamente você está aqui.
O tempo voa... E novamente você desaparece.
E o que há de nós?
O que há de ser?
Há de ser algo de nós?
Há de nada ser?
"O silêncio não é tão ruim até eu olhar para as minhas mãos e me sentir triste.
Porque os espaços entre os meus dedos são bem onde os seus se encaixam perfeitamente."