168 horas

 


Foi o tempo que duramos.

Pouco e intenso.

Mas o suficiente para virar o mundo de cabeça para baixo.


“Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”

Já dizia o poeta. 


Mas a que custo?


Eu te disse que escreveria.

Mas não queria escrever.

Porque sabia que essa poesia só viria na despedida 

No nosso fim.


Postergando o inevitável…

Almejando o intocável…

Regozijando-se no inefável.


Despedimo-nos.

Dissemos adeus à pretensão de manter o indefinível.


A beleza que toca os olhos e que de certa forma afaga o coração não nos cabe.

Foge da razão. 

Num momento estamos no alto de um penhasco.

No outro, arrasados no chão. 


Não há como permanecer se não há como se tocar. 

Os olhos explicam o que nada mais é capaz de se revelar

Senão por um olhar profundo, intenso, demorado e sincero. 

E essa proximidade não nos cabe.


Teria sido bom se fosse possível, mas não é. 

Os universos em que vivemos não se corroboram.

As linhas temporais não se cruzam

E os pontos não se encaixam. 


Outro outono… Outras cinzas de abril.



“Ela era boa na cama, mas de cabeça, ela era maravilhosa…

Ela veio e passou, mas o que aconteceu ficou.

É bonito e te define.“

0 comentários: