Entrega


E nessas de se perder e de se achar encontro-me mais uma vez na porta da indecisão.
Indecisão, desnecessária indecisão!
A quanto tempo cercada por paredes invisíveis e intransponíveis.
Perceba. O sofrimento é optativo.
Não importa quanto seja, você tem a escolha entre sofrer e não sofrer.
Podendo escolher sofrer, você sofre... Mas você pode não sofrer sofrendo.
O que não tem solução, solucionado está. Então o choro momentâneo obviamente é desnecessário se assim for da sua vontade.

Decidi hoje não sofrer. Não mais.
Sofrendo sozinha, abandonada, às escuras.
Quem vê? Quem se importa?
Ninguém. Por mais duro que isso seja.
Carregada sempre por incertezas, a única certeza que nos cerca é a solidão.
De tudo, isso não é o mais ruim.

Hoje eu decidi viver.
E pouco me importa se é com ou sem você.
Já viste quantas vezes apelei?
De todas as vezes, quantas delas voltaste a mim e resolveste corresponder?
Eu não quero fobia, quero alegria.
De fobia somente me basta. Basta somente meu interior gritando por aquilo que não se tem e já com medo de perder.

Entrego agora todo o sentimento.
Entrego agora todo o tempo vivido até aqui.
Sim, entrego tudo o que sinto ao vento, ao que me trouxe essa brisa.
Ao vento porque é sempre o mesmo, porque vai e volta, e se tiveres de voltar, o vento novamente trará.
De tudo que me cabia, agi.
Mais do que isso é pedir demais. O resto depende somente de você.

Indecisão saciada. E quanto a sua fobia? (...)

Te faria feliz, mas primeiro me farei.

"São passos que eu não vou seguir, o destino é tão longe daqui."
(Lucas Silveira)


Não te cales


Se eu pedir para não calar tua voz, adiantaria?
Segui por vezes as notas musicais que emitia com tanta verdade.
Sumimos de nós mesmos. E quando voltamos faltava algo.
Senti falta da canção.
Mas canções ainda se pode ouvir... O que paraste de emitir foi as notas.
E se o infinito parasse de ser infinito impedindo-nos de poder viver novos dias?
A estrada precisa ser pintada, precisa ser continuada.
Feitos passados, no passado ficam.

Se eu pedir para continuar, adiantaria?
Agora eu continuaria ao seu lado, e não mais deixaria-te só.
Força e mais força se unindo resulta a trabalho feito.
Construiria com toda a alegria existente em meu coração muitas sinfonias perfeitas.
E não só isso, mas construiria novamente tudo o que o tempo derrubou.
Juntos conquistaríamos todos os tons.
Pois vozes diferentes completam uma canção.

Se eu simplesmente pedir, adiantaria?
Literalmente duas pessoas.
Uma canta, outra encanta.



Hoje eu não queria escrever sobre amor


De repente eu estava lá.
E eu não esperava te encontrar. Na verdade eu não esperava encontrar ninguém.
No primeiro olhar, tudo sumiu diante de mim e só restou uma coisa... Você.
Fui me aproximando sem notar o que estava ao meu redor. Tudo tornara desinteressante para mim.
Momento épico. Inexplicável.
Jurei que ficaria ali tudo o que eu senti fortemente.
Mas ao me virar e prosseguir em meu caminho, percebi que havia deixado algo para trás.
Meu coração.
Naquele momento onde só existia eu e você, nem sequer percebi que meu coração flutuara junto ao seu no espaço paralelo a nós.
Difícil sempre foi amar. Fácil foi amar você.
Impossível seria se não tivesse sido você.
Mas você consegue se fazer excessão para mim, sempre.
Outra vez uma força invisível puxou minha essência e fixou à sua.
As vezes eu gostaria de ter a chave dessa corrente inquebrável que me une a você.
Porém eu não sei se essa chave existe.
Por hora nem quero pensar, quero somente viver.
Viver intensamente ao lado do único alguém que consegue fazer minha cabeça sem que eu precise pensar.
Eu adoraria me soltar a você pela razão. Mas o coração é sempre maior e o amor que eu sinto manter-me-há unida a ti eternamente.

O tempo de espera


Você foi a minha maior dor. Meu maior amor.
Pedaços de mim não negam a estadia de sua presença.
Também não posso omitir a nostalgia, mais uma vez, me dominando.
Não, eu não estou buscando novamente o que já passou, pelo contrário, quero vida nova, quero nova história.
História futura que não mais exista dor e sofrimento como outrora.
É que flutuando por entre somente possibilidades tudo o que me resta é a firmeza da nossa antiga vida.
Embora hoje estejamos melhores, antigamente era diferente.
Hoje é diferente.
Hoje é possível.
Pensando demais, me pego matutando se é isso que realmente quero.
Utopia sempre doeu, mas é a utopia que nos alegra.
E quando sua utopia tem chance de se tornar real? Como você reage?
Eu costumo enjoar fácil do que me torna acessível.
Mas talvez não estejamos tão acessíveis assim, e é por isso que só existe um mar de possibilidades.

Ouvi um 'É aqui que eu quero ficar.' Isso foi o que eu sempre quis ouvir.
E de repente sinto precipitação, sinto rapidez.
Por mais amor que eu sinta, sempre soube esperar e agir de acordo com o tempo.
Nunca agi conforme as palavras me vinham. Agi como quem sabe o tempo certo de tudo acontecer. E assim continuarei a agir.

Por um tempo procurei em outras pessoas aquilo que só existe em você.
Sempre será em vão. E sempre será somente você.
Só peço que não me faça sentir especial para depois abandonar-me, outra vez.
Estou curada. O passado já passou.
O que me assola é o intrigante futuro imprevisível.
E como todas as noites, o que me resta é adormecer na penumbra dos meus desejos.
Sem saber se eles se tornarão reais.

Sempre soube esperar, saberei esperar mais um pouco.
Mas não esperarei para sempre.





Imergida


Estou em demasiada nostalgia.
O tempo passou, mas deixou a dúvida de ser ou não ser.
Eu queria poder ter entendido as entrelinhas do tempo passado.
Porém conduzindo a esperança me vi cega por momentos inventados.
Tudo foi vivido. Somente foi de diferentes maneiras.
Mais tempo... Tentando seguir.
Ainda existem marcas pelos cantos. Vestígios de você, dá sua -não mais- presença.
Mais do que inesperado, me vi banhada, mais uma vez, não de lembranças, mas de sua pessoa.
E involuntariamente todo sentimento que demorei anos para estocar em meu peito, aflorou em dobro tirando-me do meu estado de normalidade sentimental.
Antes firme, agora pisando em uma ponte que tende a cair.
Eu já havia desistido de sonhar, de pensar.
Filosofando que o melhor era simplesmente viver o agora.
Discursando abertamente sobre o prazer de não me sentir instável.
Então questões e possibilidades re-surgem.
Treme meu chão. Meu mar calmo se revolta contra mim mesmo, e mais uma vez já não sei para onde ir.
Em meio a tempestade eu disse: "Tudo passou, agora só parece um rio calmo."
De fato, rio calmo, contradição, uma possível enganação e uma vontade súbita de arriscar.
Lembranças atacam-me novamente. Lembranças fracas por tanto tentar apagar.
Já estou escrevendo por cima delas, de novo.


Estou em demasiada nostalgia. Um tanto quanto desse não é bom.
Intensamente imergida.

Heroína


Estou indo à loucura.
Mas talvez esteja sensata. Senão não chegaria a essa situação.
A verdade é que ao mesmo tempo que me matas, me dás vida.
E não há motivo para parar de me injetar contínuas vezes esse veneno que se chama você.
O problema é depois precisar de uma dose maior ainda de morfina, que é a dose em dobro de tudo aquilo que me injeto para poder me ver com você.
A verdade é que longe ou perto o efeito é o mesmo.
Mas talvez eu esteja perdendo meu chão.
Ou talvez eu esteja bem pregada nele.
E nada me faz querer sair daqui ou parar de viver essa felicidade.
Felicidade essa que é eterna se realmente for amor.

E o nada passa a ser tudo


Você soube como eu era. E foi assim, só de olhar.
Frequência simultânea.
Você reparou o que eu era. Isso enquanto eu andava fitando o horizonte.
O vento, meu amigo de passagem, jogou meus cabelos contra minha face. Propositalmente. Ele fez com que eu me voltasse à você.
Imediatamente percebi que o mundo que eu habitava já não era mais vazio. Havia um semelhante.
E na mesma linha da classificação dos sonhos estávamos nós.
Poesia marcante.
Música presente.
Acordes semelhantes.
Involuntariamente cantávamos a mesma canção, na mesma sintonia.
Vozes opostas, mas isso é o que faz a música ser completa.
E quando a unica nota que eu possuia era incapaz de fazer canção alguma, a sua entrou para completar a música, que antes minha, passou a ser nossa.

Tão simples achei que a vida poderia ser sendo sozinha, que não me importei em saber como ela poderia ser se pintada fosse.
Agora decorada de apenas nós, vejo que tudo é tudo, e nada também é sempre tudo se estivermos juntos.
E "... não há fronteiras, o amor rompe barreiras."

Inferno


Estrada. Rachadura. Caindo.
Não estou chegando ao fim, buraco sem fundo.
Mergulho. Não é sólido, mas pelo menos é líquido.
Procuro a margem, nado para lá.
Não existe nada, e o nada que existe é terrível.
Borbulhas. Mais rachaduras - como pode haver mais abismo?-
Infinito à minha frente, não sei para onde ir.
Andar, andar e andar. Acho que ainda assim não conseguiria em nenhum lugar chegar.
E eu que pensava saber o que era a solidão. HÁ! Ninguém sabe. Porém agora eu estou vivendo.
Paro. Penso. Não devo parar. Continuo?
Afirmo: Perder-me-ia se louca fosse de tentar cruzar esses labirintos.
Já devo estar perdida. Aonde estou? Não me atrevo a dizer.
Calor. Suor. Calor. Fogo.
Estou suando frio, acho que é medo.
Medo do desconhecido? Medo de saber que isso eu bem conheço.
Essa voz há de me assombrar. Essa voz há de me enlouquecer.
Poderei eu explicar? Poderei eu transmitir tudo que sei?
Poderá essa voz se calar?
Sugar-me-há até que não haja mais suspiro em mim.
Aonde eu estou?

Outros definiriam como inferno.
Eu defino como Panthy.

[Isso é real, isso não é real. Isso é brincadeira, isso é verdade. Isso é para a Panthy, parte é o que eu sinto.] Não é fácil conviver com o capeta!


Um tempo livre seria bom


Hoje eu decidi que não.
Não vou me deixar levar - outra vez - por suas mensagens subliminares pra me fazer lembrar.
Eu até gostaria de ler tudo o que escreves, mas não faria sentido mergulhar em outra versão de nossa história, não agora, não de novo.
Não sei o que me assombra mais, se é o passado sempre vindo a tona impedindo-me de esquecer o que passou ou o futuro lastimável sem você.
Foi bom ouvir novamente de sua própria voz dizeres que ainda me amas, mas ainda não é suficiente. Nunca será.
E, infelizmente, é confirmada a linha que o destino nos impõe diariamente... Andar sempre em paralelo.
Olho pra frente e não há como te ver. Só te vejo se olhar para o lado.
Nossas linhas não se cruzam, mas ainda assim posso acompanhar o seu caminho.
Acompanhar desse jeito. Distante. Sem poder opinar.
Não existe frequência, e amor não basta.
Se um dia nossas linhas se cruzaram, como podem elas agora estar em paralelo?
Talvez tenha sido apenas um desafio que nós mesmo colocamos a nossa frente.
Amor a dor, talvez.
Certos amores não precisam ser vividos. O nosso era assim. Um tanto quanto impossível.
Mas nós tornamos real, temporariamente.
Real foi até cairmos na real realidade, brusca, tensa, cansada, chata e desinteressante.

Se tanto dizes para mim, e já não quer dizer mais nada.
É o mesmo tanto que digo a ti, que nada faz mudar.
Ontem foi, hoje não mais, nunca mais será.
Passado eu e você, presente eu sem você, futuro você pra sempre em mim.