Silenciado


Romance. Quase romance. Nenhum romance.
Essa foi a vida interrompida que vivemos.
Por um desgosto em agosto onde não se foi mais dito o que se costumava dizer.
Eu não disse e tu calou-se.
Mas teu silêncio jamais me foi novidade.
Pelo contrário, seu silêncio era vivido.
Vívido como uma flor no pico da sua beleza.
Teu silêncio envolvia meu mar de pensamentos e solidões.
Ah, teu silêncio poderia ter sido a voz mais alta e mais bela a cantar.
Mas calou-se.

Dissociou-se o amor concentrado no tempo infinito de minha curta juventude.
Era muito tempo em silêncio para muito amor em plena ebulição.
Dissolveu-se.
Permitiu-se ser livre de um romance. Quase romance. Nenhum romance.

Deu-se o fim.
Fim de um amor sem começo.
Começo de um sentimento impuro.
Impuro que deveria ser puro.
Puro veneno jorrando por entre as veias.
Veias que por muito tempo pulsaram um amor.

Muito amor. Que no fim, não deu amor.

Home


Sinto falta de respirar livremente.
De sentar sem me preocupar.
De poder saber que o depois não vai interferir.

Sinto falta de sentir frio e poder me cobrir.
De sentir calor e poder me refrescar.

Sinto falta de ter meu ar.

*queria poder dizer mais, mas sem ar me resta apenas sufocar.*

Adieu.


Banhos gelados me fazem lembrar de ti. 
Porque hoje eu não consigo deixar que a água fria entre em contato com a minha pele, mas antes eu podia, porque era disso que eu precisava quando você estava quente em minha mente. 
Ai que dor que era!
Eu não poderia jamais imaginar a imensidão que existia no meu estômago até sentir o vazio que você era capaz de provocar. 
Como pude viver tanto tempo sem saber onde pisar?
Ah, como era ruim ter você por perto. Não saber a que horas sorrir, não saber a que horas dormir.
Mas ah, como era pior não ter você. Esperar e não te ver. Olhar as horas passarem e não ouvir a sua voz a me chamar, dizendo que já estava pronto para mim. 

Eu adorava quando você sorria sem jeito, se insinuando, fazendo não se importar.
Eu amava o seu jeito de dizer que não dava, que não podia, que teria de ir.
Eu gostava quando a tarde caía e o céu ficava baunilhado. 
E eu gostava tanto do frio. Das nossas mãos a se aquecer uma na outra...

A nossa canção parou de ser composta. 
Nossa canção virou apenas palavras jogadas ao vento. 
Nossa canção... Ah, eu nem lembrava que cantávamos e escrevíamos. 
Mas eu ouvi a canção de outros dois que enquanto um partia o outro dizia que completaria a canção para não se esquecer sem nada se dizer. 

Em nós nada se disse. 
Em nós o tempo andou enquanto a história ficou. 
Em nós restou apenas um adeus fantasiado em minha mente. 
Um ponto final quando não se há mais tinta.

Nenhum adeus. Portanto, adeus! 

O artista mágico


Eu não sei para onde correr.
É noite e o sol não se demora a levantar.
Mas me perdi nessa noite estrelada em que as moléculas se agitam e de alguma forma começam a ampliar a sua luz.
Bem, talvez não seja apenas as moléculas e sim a falta de foco que meus olhos tem devido a falta dos meus óculos. 
É claro que Vênus fica ainda maior e mais luminoso... Talvez com minhas lentes ele deixaria de ser um risco brilhante para ser apenas um círculo.
Apenas?
Lembro quando me dissestes que havia dado meu nome à Vênus porque poderia admirá-lo por todas as noites.
E lembro também de sentir minha barriga gelar. 
Ora, não sou nada perto de Vênus e também gostaria de ter sido nada para você.

Ah, esse frisson tem me incomodado... Ele diz algo... Diz que falta...
Mas falta o que?
Eu gosto desse frio, desse cobertor, desse vinho e desse céu claro.
Eu gosto dessa rede, desses livros e dessa lareira.

E de mágico o que me resta?
Apenas viver. Pois eu sou meu próprio artista.
Não há porquê impressionar, pois daqui levarei apenas o meu público...
Que é a imagem que vejo nesse vidro que me reflete.
É apenas eu mesmo.

Please, couldn't be love.


Dizem que o amor é eterno.
Mas se assim fosse eu não estaria no balcão desse bar acompanhado apenas por essa garrafa já quase vazia. 
Se o amor fosse eterno eu estaria sorrindo nos seus braços.
Te amando como todos os tantos dias que tivemos.
Me aconchegando e me emaranhando por entre seu corpo.

Parece que para você tudo acabou,
e é por isso que aqui estou.
Você disse que me amava... Mas amor nunca foi... 
Pois amor não acaba.

Dizem que vai passar.
As vezes pode demorar... Mas vai passar.
Só que se o amor for eterno
Presa eu estarei para sempre no que eu sinto por você.
Pois não sei definir com outras palavras isso que pulsa dentro de mim.

Já vejo meus dias estando acorrentada
Por um sentimento que por ti já findara...
E eu estarei arrastando essas correntes por uma cerca que não tem fim...

Ah... Eu espero que não seja amor. 
Por que se assim for... 
Logo passará.

Extra sentido


Era uma terça feira. 
Eu estava apreensiva. 
Sabia que algo aconteceria.
Tentei desviar meu pensamento, mas meu estômago ardia dizendo que algo estava para acontecer.

Ele me disse que logo voltaria, era apenas um jantar comum. 
Não havia ninguém... Mas havia.
Meu interior se retorcia e estremecia, eu sentia calafrios horrendos, eu estava sentindo enquanto algo acontecia.

Ele voltou. Nos falamos. Nada aconteceu, foi só um jantar comum... Mas não foi.
Havia alguém no lobby.
 Esse alguém não quis subir... Mas poderia ter subido.
E minhas entranhas se retorcendo sabendo que algo tinha acontecido.
Meu ser gritava e meu peito doía.

"Não aconteceu nada! Foi apenas um jantar comum!" 
Mas não foi.

De fato aconteceu. Ele nunca me disse, mas eu sempre soube.
Houve alguém naquela noite.

Remember me


A luz vermelha do sol da tarde invadiu o meu quarto, penetrou na minha pele e consigo trouxe uma dura nostalgia.
É triste a sensação de reviver um sentimento mesmo sabendo que ele jamais voltará.
As vezes as lembranças doem. Não só as ruins. As boas também.
É ruim lembrar de algo que fez você se arrepender, e mesmo já tendo sido perdoado, você mesmo não consegue se perdoar. Ou você lembra do quão difícil é o perdão.
As vezes a dor é tão grande que não importa o tempo que passou, ela permanece ali te cutucando, te fazendo lembrar...
As vezes é um lugar em que você quer estar de novo. Um chafariz gelado em uma praça com um museu logo atrás. Um ar gelado no alto da roda gigante. Um bar quentinho para nos abrigarmos do frio. Ou até mesmo uma volta de metrô por cima da terra, sem saber aonde quer ir... Só vamos... Só observamos.

É ruim lembrar que tudo está lá enquanto estamos aqui.
Ahhh, hoje eu não queria estar aqui. 
Queria um vento nos cabelos, uma música alta, companhia, amor... 
Queria parar em algum lugar, comer qualquer coisa, rir do katchup, não sei... 
Hoje eu queria me aquecer no chauffage do segundo andar do Gur, e até mesmo assistir futebol.
Eu queria sair no entardecer do sábado ao crepúsculo, começando a ficar frio. 
Eu queria outra paisagem... 

Muitas vezes me senti vazia. 
Precisei voar para longe só para ver que sim, vazia sou. 
E que não é o lugar que me faz ser melhor ou pior, é somente a minha vontade de SER.
Ser quem eu quiser, sem me importar.
É... Não importa o lugar. 
Importa somente a minha alma. 
Não importa ninguém mais além de mim.

Amor próprio?



O que mais tem saído sobre a Amanda do BBB é que ela não tem amor próprio. Não estou a defendê-la, mas você que é mulher vais entender a órbita do assunto.

Ela se encantou por um homem, logo de cara parecia que Fernando também estava na mesma onda. Mas entrou Aline, e ele logo pulou fora. Acredito que nessa primeira parte da história você se enquadra, até mais de uma vez.

É um infortúnio, mas essa situação é recorrente em nossa vida. E falo de nós mulheres, pois sempre esperamos iniciativas da parte masculina, só que nem sempre as coisas se desenrolam da maneira que queremos. Então vem um rabo de saia e tira seu bofe antes mesmo de você o ter. Somos sentimentais, nos derretemos e, às vezes, até choramos. Mas passa e a vida segue. Cedo ou tarde isso acontece novamente.

O cara começa a “namorar” com a moça e até a pede em casamento, em apenas uma semana toda aquela aproximação vira “amor”. Por uma questão de destino, Aline sai da casa e vira tecnicamente um “namoro a distância”, visto que ambos transpiravam amor.

Fernando seguiu por alguns dias nostálgico e firme à sua decisão de continuar com Aline. Porém o cerco da convivência foi se fechando e a aproximação com a Amanda tornou-se inevitável. Opa... Inevitável? NÃO. Amanda nem mesmo fazia parte de seu grupo, ele não precisava ter se bandeado para o lado de lá, poderia ter ficado ao lado de seus, até então melhores amigos. Mas preferiu criar novas alianças. E foi aí que a merda aconteceu...

A mulher era afim, ia passar 24 horas por dia perto dele e decidiu cair matando. Fernando como MUITOS HOMENS não conseguiu segurar o cu e acabou se rendendo e ficando com a Amanda.

Aí entra a questão “AMANDA NÃO TEM AMOR PRÓPRIO”. Desculpem-me, queridos, mas o centro da questão não é ela e sim a atitude totalmente errada de Fernando.  Talvez no início ela quisesse só matar um desejo carnal, nada que pudesse ir além, mas a abertura que Fernando deu, alimentou esperanças cada vez maiores no pobre coração da moça.

E aí se ela quis se render? Ela deveria entender a situação delicada em que Fernando os colocou. Mas foi de cabeça. É difícil para nós dizermos sendo que não sabemos a real intensidade da convivência. Mas Fernando poderia ter evitado todo esse papelão RIDÍCULO em que ele se colocou e ainda poderia ter saído de lá milionário. Porém não conseguiu conter os seus ridículos e detestáveis instintos masculinos e acabou ficando com a morena. Após alguns dias de tanto grude, demonstrou através e olhares e palavras secas que estava de saco cheio da Amanda. Acho que o encantamento por ele fez com que ela nem percebesse... Pois ainda desceu ao nível de pedi-lo em namoro e não obter resposta. Aí já era a hora de cair fora... Mas se tem uma coisa que nós mulheres temos é esperança, né? Pobre de nós. Pobre de Amanda.

Eu quero mais é que ele fique sozinho e ainda mais esculachado pelo Brasil. O mais triste é saber que esse tipo de situação ocorre diariamente na vida de muitas mulheres. Fernando poderia ter pensado nos sentimentos da Aline, mas depois de um tempo decidiu ignorá-los e curtir o momento. Esqueceu-se que aqui fora há milhões dedos para apontar para a cara de pateta dele.


Enquanto isso eu estou só a observar o tumulto. É errado dizer, mas quero o ver chorar de arrependimento.

Sobre falhas na construção


Nós sempre sabemos. 
E sabemos porque sentimos. 
Se sentimos é porque de alguma forma o universo nos manda sinais.
Eu nunca fui de acreditar em forças do universo, mas não há outra explicação. De que outra forma saberíamos o que estamos sentindo?
Depois de todo esse tempo e de todas as circunstâncias, de repente me vejo no escuro. E o que antes parecia tão claro agora parece uma mentira obscura e traiçoeira.
Eu senti sem saber se era real. Guardei memórias de achismo dentro de uma gaveta que achei que jamais precisasse abrir de novo. Mas uma ponta se sobressaiu e arrancou muita coisa do fundo.
Me culpei. Disse ser trouxa. Mas não sou eu a errada. Em todos os momentos vivi com o maior amor que pude sentir. 
Não há culpa em amar. Não há culpa em não ser amada. Não há culpa de não haver reciprocidade.
Acontece que agora eu não sei quantas mais meias verdades existem, muito menos se há outras mentiras. E de quem é a culpa? 
Não é minha culpa se a casa caiu. Meus pilares são fortes.
A culpa é de quem faz suas estruturas com falhas, sem serem verdadeiramente sólidas.
Eu construí muita coisa em cima de uma estrutura que não era minha e agora tudo pode ceder.
Não posso afirmar que isso conseguirá segurar nossa edificação.
Tudo que posso dizer é que nosso edifício está fechando por falta de sustentação. 
Nossa obra está condenada!

"O amor é incondicional até conhecer o que o outro esconde no porão da sua alma que é pra ninguém ver."