Triz



Chegamos ao limite.
Eu estou aqui contornando o abismo, me controlando, me enrolando.
O cinza do céu se une com o cinza das rochas, grandes e profundas rochas.
Eu não lembro porque eu acordei, na verdade eu nem lembro da última vez em que dormi.

Eu estou no limite, na ponta, na beira, na linha final.
Além daqui há apenas o abismo, um milímetro a mais e eu escorrego.
E essa sensação de estômago recém acordado jorrando dentro de mim.

Eu me enrolo, me desespero, supero e espero.
Não há nada que eu possa fazer.
Apesar de estar no limite entre o mundo e o precipício eu não tenho a opção de pular.
Eu sento, vigio, espio e prossigo nessa dor que queima como um cigarro mal tragado.


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