Drank poison

Outra vez saí para sentir o vento frio cortar meu rosto, a sensação de se sentir em pedaços me faz esquecer da minha vida.
Cruzando rua pós rua, passei pelo bar que costumávamos frequentar. Tão pequeno, íntimo, aconchegante e divertido.
Eu não voltei mais lá depois de nós termos sumido um do outro.
Decidi entrar...
Tudo tão impecável como outrora... Sossegado e convidativo.
Sempre me encantei com as luzes baixas e com os sons que vinham da mesa de bilhar.
Como estava sozinha, dessa vez sentei no balcão, pedi meu drink e senti cada gota arder por dentro.
Não acreditei, não consegui acreditar que atrás de mim havia sua voz.
Me virei lentamente agitando o gelo do meu copo.
Era você. Tão jeitoso e encantador como sempre.
Agradeci pelo whisky ter dominado a minha mente. Só assim eu consegui encarar.
Levantei-me sem dizer palavra alguma e andei para o bilhar.
Era tão costume jogar que eu senti que você me seguiria.
Jogamos. Nos enfrentamos.
No meio de cada tacada, confesso ter ouvido sua voz, mas não consegui distinguir palavra alguma...
Qualquer informação que meu cérebro me transmitia soava como ''bulshit, bulshit, bulshit".
Era a última bola. Eu concordei com algo que você disse. Concluí a tacada. Bebi o pouco whisky que me restava. Fitei-te ao fundo. E saí.
Atrás ficara apenas um eco, porquanto a porta fechava lentamente te deixando novamente só.
Eu celebrei.
A canção já havia sido plagiada, as notas já estavam desafinadas e as cordas arrebentadas.
Já não havia música alguma.


Ainda guardo o resto do whisky daquela noite.
Levo em minha carteira. Você vai lembrar...

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