
Deparei-me com a perdição de meus olhos, como se um carro descesse a 200 km/h e batesse em uma parede imensa de concreto. Certamente meu mundo tornou-se pedaços. Em meio a tantas ferragens eu nem se quer tentei sair dali. Estava confortável. Não busquei socorro e nem se quer chorei. Senti por longos instantes que ali era o meu lugar. Meu coração pulsava forte, tão forte a ponto de sentir meu peito se pressionar contra os bancos tão apertados e estourados a minha volta. Mas sim, eu estava aquecida.
Deixei que o tempo passasse e me levasse para mais longe sem perceber que eu estava sendo esmagada aos poucos.
Devaneada, tentei me livrar dos pensamentos sufocantes que me assombraram durante meses crendo que tua presença significava muito mais para mim do que tudo aquilo que vivíamos. Então comecei a sofrer e me debater querendo desesperadamente me desprender das ferragens, mas todo tempo de comodidade fez com que eu me envolvesse cada vez mais deixando meu corpo entrelaçado com o meio.
A dor chegou. E por ser tão insuportável quis deixar de embriagar-me da gasolina que estava me abastecendo desde então. Não pedi ajuda, tentei sair sozinha, mas era impossível fazer isso de forma rápida.
O vício de estar ali estava corroendo meu ser, mas simplesmente por querer me desprender, eu fui escorregando de vagar por entre as paredes de ferro e nem me dei conta de que estava saindo de um sufoco incontrolável. Soube dizer não ao líquido que completava a minha alma e pouco a pouco me desliguei de ti aprendendo a dizer não e viver o presente designado somente a mim.
Deparei-me com a perdição dos meus olhos se desfazendo... Partindo... Sumindo.
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