Professor

O que seria de mim?
O que seria de mim sem você, professor?

Saberia ler?
Saberia escrever?
Saberia distinguir tão sabiamente as cores que pintam o meu amanhecer?

Conheceria o universo mais de perto?
Saberia um pouco mais das estrelas?
Conheceria o mundo de Norte a Sul?
E todas as histórias que já passaram por ele?

Será que eu saberia escrever belos poemas?
Ler belos livros?
Aprender novas palavras?

Será que eu saberia somar tudo o que preciso?
E que dividindo eu multiplico muitos sorrisos a mais?

Que valores eu teria?
O que é ética? O que é moral?
Será que sem a sabedoria
Eu encontraria algum caminho?

O que eu saberia?
O que eu falaria?
Como reagiria?
Sem você, professor?

Obrigada, professor,
por formar tantos médicos,
tantos engenheiros,
tantos advogados,
tantos administradores,
arquitetos, jornalistas, fotógrafos, veterinários,
fisioterapeutas, psicólogos, escritores, etc...

Obrigada por nos encorajar,
torcer por nós,
nos ajudar mais do que pode,
Pelas milhares de atividades que lhe tiraram o sono
mas que nós lembramos sempre com muito amor.

Obrigada por nos preparar para a vida
Por nos mostrar diariamente o mundo lá fora
Por nos corrigir das vezes em que estivemos errados.

Obrigada por nos ajudar nas provas
Por adiar aquele trabalho
E por todo incentivo em seguir em frente.
Por toda força e por todo apoio.


Obrigada por cada abraço.
Por cada sorriso.

A verdade é que nós não chegaríamos onde estamos
se não fosse por você!


Mas, obrigada principalmente por nos inspirar
Nos mostrar o caminho
Nos fazer querer viver.

E muito obrigada, por fazer tantos de nós
querer seguir o mesmo caminho.

Professor, você é TUDO!
A profissão mais importante que existe!
OBRIGADA!

Plus rien

Tu me vens a mente nesta tarde chuvosa
A inspiração me grita
De toda a nossa história de amor não vivido.
Tu me vens num fim de tarde
Numa grande cidade
Numa praça úmida repleta de almas
Cabeças que vão para lá e para cá
Mas só a tua eu enxergo.

Tu me vens em meu silêncio
Tu me chamas
Eu nego.
Te renego.
Sonego toda ânsia de vontade de ti
Esqueço temporariamente da impossibilidade
A vontade faz tudo ser possível.
Mas acaba.

Já disse-te que não posso ficar.
Não posso ficar porque nunca deveria ter estado aqui.
Tu és a minha poesia
Minha canção
Parte da alma que me falta
Tu és nada mais que a minha inspiração.

E eu...
Sou a chuva daquela nuvem
Que tu me descreveste a uns anos atrás
Daquela nuvem que não perdura
Que se arrasta
Que demora
Mas jamais fica.
Sou água das tuas lágrimas
Das águas tristes que banham nossa saudade.

Sou tua saudade.
Somos só saudade.
E nada mais.

E hoje estou
Grato pelo tempo em que tu estivestes em minha vida
E grato porque tu não estás mais nela.

Tejo

O sol entra e penetra num pequeno quarto lisboeta
Inundando com seu amarelado
Refletindo nas paredes brancas
Toda a luz que quer doar.

Desse pequeno quarto
Vê-se o belo Tejo
Onde o sol também reflete
A esperança de quem quer olhar.

Ó Rio grandioso
Desagua ao mar,
Tão fervoroso.
Desperta em mim
Um ar saudoso
E uma saudade sem fim
Um eterno gozo.

O azul do céu
Com o azul do teu véu
Tuas águas claras
Clareiam minha mente
Teu silêncio revela
O que fui anteriormente.

No exílio aqui
Espero te encontrar
Ver-te do alto
Sentir minha alma vibrar.
Passear por ti...
Como tantas vezes.

Celebrar tua presença
E tua voz seleta.
Fazer da minha poesia
Uma obra completa.

Matemágica

Em todas as coisas que me encantam
Há um reflexo matemático.
Ora, não gosto de matemática!
Afirmei à mim mesma pela boa parte dos meus anos.

A matemática é a mãe da vida.
Presente em tudo.
Sobretudo, em tudo àquilo que faz
minha alma vibrar.

A bela arquitetura
Na sua estrutura
Hora curva, hora dura
Muda-me de postura
Mostra-me sua textura.

Na minha encantada Arte
Na necessidade de expressar
Um mínimo que foi visto
No íntimo, no interior
No silêncio de uma alma turbulenta.
Na representação que brota
Da necessidade de uma alma
Em expressar um pouco do céu.

Na fotografia
Nos terços
Na fotometria
No tempo de exposição
Na composição.

Na música
Na perfeição das sinfonias
Na proporção das notas
Na harmonia
Na alegria que expressa
E no sentimento que desperta.

É desvendar que na beleza da filosofia
Descobriu-se a matemática
Que forma a estrutura de todas as coisas
Que é desenvolvida em forma de Arte
pelas mãos do universo.

Entender a matemática significa entender,
nem que por um vislumbre,
a complexidade do universo.
A complexidade da criação.

Je suis une artiste

Eu sou uma artista.
Espetáculo de mim mesma.
Não necessariamente explícita para o mundo
Mas há tantas performances aqui no meu interior
Que não há como dizer que artista não sou.

Eu sou uma artista
E bordo em mim
a imagem que vejo no céu
Tu não necessariamente vês
Precisa de muito mais para enxergar.

Eu sou uma artista
E cada palavra que sai de mim
Não é ordenada por meus próprios poderes
Mas algo além
Que guia minha mão
A produzir o que só existe num plano superior
Invisível aos olhos.

Eu sou uma artista
E sinto como tal
Tudo é intenso
Tudo é colorido
Tudo é vívido
Tudo é claro
Mesmo em meio a tormenta
Que assombra minhas noites.

Ahhhh
Ser artista é uma coisa que não se escolhe.
É um dom que recebe da inspiração
Não necessariamente para se produzir
Mas principalmente para sentir.

C'est finit

Crescemos.

E agora crescidos, tu retornas às minhas vistas
Perpassa-me teu gênio de artista incompreendido
De artista alienado
De artista insatisfeito com sua satisfação
Mostra-te radiante em seu brilho de ser
De estar
Cara de quem quer ficar.
O mundo continuou mas meus olhos em ti ficam parados
Quando voltamos aos nossos inúmeros momentos
Que mesmo depois de tantos anos ficam a encarar-nos
Desafiar-nos
Sacolejar-nos.

Perturba-me tua insistência em mover as montanhas que existem entre nós.
Contigo é sempre inverno.
Não há cor
Nem sombra de calor.
É tudo frio
Que me dá arrepio
Causa do vazio
Que emerge de tuas palavras.

Teu céu
Meu céu
Duas dimensões que não se cruzam
Quiçá paralelas
Escondidas por entre o cosmos criado no momento em que nossos olhos se encontram.

Recordação de si

Como é difícil se enxergar na poesia!

Dói.

Cada palavra, de cada linha, de cada estrofe, de cada texto completo

Lembram marcas de tempos passados que cortam como uma faca.

Uma faca afiada e descompromissada com a dor que pode causar.

Apenas fere.

Apenas corta.

Apenas mata.

Me questiono por vezes se visitar as velhas poesias 

É algo bom ou ruim.

Ora...

As vezes é bom e as vezes é ruim.

Mas que dói. Dói.

Os beijos não dados

As carícias efêmeras

Os abraços vazios...

Tudo é parte de um precipício que já foi escalado.

Mas tudo perfeitamente possível de se reviver.

Até onde meu Ser sádico suporta ir?

As vezes muito além do que posso imaginar.

Me ver nas poesias

As vezes me causam dores

Muito maiores do que quando as vivi.

Ainda assim...

Não consigo imaginar-me viver

Sem as belas palavras

Que escritas aqui

Fazem lembrar-me de mim.