Eu sei que não me ouves, mas gosto de pensar que sim.
Enquanto estou sentada ao lado de minha janela observando a neblina se demorar, lembro quando nossos olhos se cruzaram pela primeira vez.
Meu peito dói, não posso mentir.
Eu estou cansada de pensar que minhas palavras possam ser mal interpretadas.
Eu canso de nada dizer por querer dizer e pensar que não posso.
Eu vivo esperando o dia em que nosso toque seja mais intenso.
Tão intenso quanto as nossas promessas incabíveis...
Inefáveis... Impossíveis...
Palavras profundamente inebriantes que beiram o precipício do indizível.
São palavras.
Falsas promessas.
Sabemos que não vamos a lugar algum.
Tu disseste que virias.
Eu disse que não.
Mas ainda espero-te.
Tudo que vejo é a silhueta de uma árvore em frente ao poste de luz.
Eu espero.
Mas nada.
Essa noite fria de primavera diz-me muito nesse silêncio.
Devo esperar?
Enrolada na coberta em que outrora nos demoramos.
Penso por quanto tempo nós ainda restamos.
Nosso olhar naquela noite...
Um desencontro.
Um para cada lado.
Tu não olhaste para trás.
Desde então eu me questiono.
Volta agora ou volta jamais?