Biblioteca das memórias II


Meu cérebro está uma bagunça!
Tudo que eu tenho feito é jogar os pensamentos perdidos em uma pilha de insignificância.
Acontece que a pilha já está transbordando e eu não tenho mais onde colocar tanto pensamento.
De repente me deu uma saudade de alguns anos passados.
Daqueles anos onde os problemas pareciam tão grandes mas na verdade eram apenas problemas de criança, onde tudo tem solução.
Esse novembro tem me trazido ares antigos.
Posso sentir na pele de novo esse vento que me esfria rapidamente, mas não é ruim.
O ar é a minha maior fonte de lembranças, através dele eu revivo muita coisa. Até mesmo coisas que eu não gostaria de reviver.
Meus artistas preferidos lançaram músicas novas, mas eu insisto em ficar nas antigas... Naquelas que muitas vezes doem. Naquelas que já fizeram algum sentido na minha vida, como se o compositor tivesse escrito baseado na minha própria vida. E nesses casos nos apegamos, difícil parar de ouvir algo que fez parte de você.
Então você lembra das poesias que te inspiraram e que também te refletiram.
De repente você morre de saudades de ler ou reler algum livro enrolado em uma coberta, perto da janela com o tempo nublado e um copo de chocolate quente do seu lado, quando você ainda não pode tomar porque está quente demais. 
E em meio a tantas lembranças você se vê no lugar que sempre quis estar. Então todas as memórias fazem sentido, porque de alguma maneira você já as viveu no mesmo lugar que você está, mas por desejo de estar. Isso faz com que tudo fique tão forte e transparente, as vezes até difícil de enxergar. Mas você lembra... Faz parte de você.
Nunca foi segredo que meus maiores momentos de tristeza foram no frio, e nesses momentos eu saia caminhar. A pele arrepiava, e quando alguma lágrima escorria ela já gelava meu rosto. Nos headphones alguma música que alguém enviou. Alguma coisa que te prendia na música e na letra. Algo que só quem sente demais consegue sentir.
Dias ensolarados de inverno, sem internet, sem tv... Apenas um guia para aprender um novo idioma. Divertido. Aprender um novo alfabeto. Se sentir de novo como uma criança que não sabe escrever. E alguns anos depois encontrar pessoas que falam o idioma que você aprendeu um pouco, e aí você pode usar os seus conhecimentos. Tudo no inverno.
Sei lá... Talvez porque os verões são mais intensos, onde as moléculas se agitam demais pelo calor e fazem com que você não consiga ficar parado e quieto com seus pensamentos.
Em breve os graus ficarão negativos e eu ainda vejo os pássaros roçando por aí... Me perguntei algumas vezes por que eles ainda não voaram para o sul.
Tantas pessoas deveriam ter voado para o sul e não foram... Eu estava lá, e vi poucos passarem.
Hoje o norte é muito mais frio que o sul que eu habitava. E porque eu não estou voando para lá?
Apenas momentos. Apenas vida.
Se refletir em palavras não é fácil, é saber que ninguém vai te entender e ainda te achar mais complicado do que parece ser. Há quem diga que escritores vivem melhor sozinho. Todo escritor escreve melhor os sentimentos de amor que não viveram. Eles deveriam ter vivido. Todos deveriam viver. Não importa a dor que traga... Em algum momento você conheceu a felicidade de um amor.

Hoje, mais um inverno, mais um novo idioma, novas pessoas, um novo amor, uma nova vida...
Eu não estou com frio. Eu estou amando.
Nada nunca vai ser completo. 
Mas ainda bem que existe felicidade no meio de tudo isso.

0 comentários: