Hungover



O que nos resta saber da vida que tivemos se tudo já passou?
Das páginas coloridas restaram apenas rabiscos indecifráveis de uma esperança vã.
Encosto-me no braço do sofá para simular uma epifania que jamais se repetirá.

Por que quando olho para o passado eu o vejo tão enegrecido?
Foi ali onde tudo se coloriu, se fez saturado e belo.
Não vejo mais nele nada de bom... Nem de ruim.
É como um sonho que você tem, lembra vagamente e depois esquece.

Nas ruas e muros vejo que não foi sonho
Por cada mancha que deixamos, vejo que o amor se fez real.
Em meio a tudo isso, percebo as cores que inundavam nossa vida e contagiavam por derredor.

No meu quarto pouco iluminado não há cor.
As paredes cinzas me abraçam como quem necessita de um apoio.
Involuntariamente estou entorpecida pelas negras cores que agora fazem parte de mim
Não há desespero.
Somente a dor de procurar dor e não encontrar.
Como se tudo que tivemos fosse nada...

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