
Estou precisando de tempo, estou precisando de espaço.
Tudo seca um dia
Outro dia lindo acabara de nascer, nenhuma nuvem. Apesar de eu gostar dos desenhos que as nuvens formavam no céu, eu preferia o completo azul.
Outro passeio no lago pela manhã e a brisa surrando meu rosto. Tudo normal. Aparentemente.
Um aperto súbito fez meu coração pulsar mais rápido e eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Manchas vermelhas saltavam brutamente de minha boca enquanto tossia. Engraçado como tudo começou a girar e o ritmo de tudo aumentou.
Ouvi canções, orquestras rápidas, violinos agressivos, aumentando... Aumentando.
Céu coberto por nuvens carregadas. O que aconteceu com o céu azul? Estou sonhando? Não mais estou no mesmo lugar que antes.
Meu vestido está pesado demais e o vento não deixa eu me mover.
O que são estas coisas? Sinistras demais para serem borboletas, pequenas demais para serem morcegos.
Corro. Corro mais rápido. Não encontro nada.
Meu joelho cedeu. Levanto. Caio novamente. Arrasto-me. Preciso fugir. Cadê o lago? Prefiro me afogar a passar por essa agonia.
Ele está cada vez mais longe. Será meus olhos? Será ilusão?
Chego. Jogo-me. Estou me afogando. Estou agonizando. Não, não estou mais. Tudo está escurecendo. Minhas pernas não mais lutam com a água. Pernas? Eu ainda tenho pernas? Não as sinto. Já tive braços? Se tive, já não estão mais aqui. Pensamentos... Desaparecendo... Vida... Onde?
Súbito susto. Nada aconteceu. Só imaginei como seria caso você não voltasse.
Sim, estou te vendo. Meus olhos estão iludidos. Estou indo a loucura com ou sem você.
Mundo pesado demais. Não prefiro voltar pra lá. Trancaste-me em teu mundo para aqui permanecer. E já não volta, já não queres me libertar.
Branco. Inteiramente branco. Olhos para a realidade mais uma vez. Maca. Enfermeiras. Espelho. Descabelada.
“Hora do medicamento”. Diz o eco.
Grito. Qual é a realidade?
Homem de preto, olheiras. “Existe realidade?” Sorriso maldoso.
Fecho meus olhos. Não mais desejo viver. Não mais os abrirei. Completa insensatez.
Ultimamente tudo tem significado nada.
Eu cultivei coisas, não por gostar, mas por considerar.
Ao perceber que tudo que havia acontecido, já não importava mais.
Vesti a armadura forte de como quem não se importa
Parei com o sentimentalismo
Chorei menos
Não fui atrás.
Mas não como quem se dói, mas sim como quem não se importa.
E por não se importar, não mais chorei por amor.
Já nem lembro mais da última vez...
Mas consigo lembrar me da última vez que senti uma amizade partir.
Isso consumiu muito mais que muito amor que tive.
Como tudo. Tudo passou.
Final de verão... Vem março... Acaba março, acaba calor.
Sempre foi assim
Mas já sinto meu coração congelar antecipadamente.
É mais fácil viver assim... No inverno.
Sem se importar ou sem ao menos querer se importar.
Porém não quer dizer que é assim que quero viver e que estou feliz com isso.