Desalento

Vida amargurada, vida sem utopia
Sonhos dilacerados, vida sem companhia
Os drinks já não satisfazem
As músicas não dão alegria
Mesas de bar, tacos de cigarro
São marcas agora visíveis; cenas comuns.
Noites frias, estradas vazias
Passos pesados cortando o silêncio
Becos escuros, ecos ao fundo
Tudo que grita é a minha dor
Neblinas do luar me cercam
Somente embaçam meu caminho
Triste caminho, triste a ser seguido
É triste andar sozinho.
Poesias me confortam, nelas eu me acho
Sempre procuro escrever aquilo que não faço
Longas conversas, falsos diálogos
Monólogo
Não existe ninguém, somente me existe
Inanidade faz parte dos meus dias
Com isso perco minha força
Força que se esquiva e que some
Noites tediantes e não se dorme
Dias, noites, insignificância
Desalento.

Soneto da decepção

Que pergunta me fizeste
Pergunta-me sobre o que sinto
Mentir-te-ia se não disesse
Que me perdi nesse labirinto

Perco-me em minhas palavras
Não sei se fujo ou se fico
Detesto impostas charadas
Sem jeito, me ponho esquisito

Infortúnio é a minha resposta
Te machuco e não quero, evito
Vou deixar-te confusa e sem pena, reflito

Não sinto amor e não sinto dor
Assim sendo, te deixo inquieta
Só não guardo nada em meu peito, por possuir alma poeta.

A cor do amor

A cor do amor pra mim é vermelho escuro
Vermelho de sangue, vermelho de chama
Chama teu nome, chama pela tua ausência
Ausência que perturba, perturba meu silêncio
Silêncio angustiado, angústia oculta
Oculta porque te escondes, e eu fico a tua procura
Procura vã, procura dura
Dura, pois não te encontro, encontro tão esperado
Esperado porque te amo, te amo porque te quero
Te quero e não te vejo
Te procuro e não encontro
Ando e não me canso
Choro e não aguento
Lágrimas sofridas, lágrimas desesperadas
Lágrimas vermelhas, lágrimas de sangue
O amor pra mim é vermelho
Vermelho de desespero.