Veraz




Não se pode substituir um amor por outro

Tampouco, forjar o mesmo amor em outro alguém.

O amor dura o tempo que tem que durar 

E cada amor é único.


Projetar o amor de outrora em outro alguém 

É frustrar-se 

Espedaçar-se 

Minguar-se. 


É injusto. 

Não se pode exigir de alguém o amor que não mais tens.

Não se pode implantar memórias do não vivido.

Não se pode cobrar um jeito de ser

Um jeito de responder

Um jeito de viver

Um jeito de permanecer. 


O amor é mutável

Moldável, transmutável. 

As experiências que se vive

Modelam o amor, que é perfeito

Nas imperfeições que vós tendes juntos.


Exigir sentir o mesmo amor por outro alguém

É dilacelar-se aos poucos.

É mutilar-se.


Na sombria dor da falta 

Entristecer-se não é a solução.

Basta ser grato ao tempo

E, de novo, abrir o coração. 

Lucidez

 



As vezes fica claro todo esse plano holográfico

São centésimos de segundos na lucidez, 

Mas já dá para perceber

Que o que percebemos

Nada é. 


Ser só

Ou ser um ser só?

Eis a questão.


Como ser sozinho

Sabendo que somos todos um.

Como ser este um

Se estamos todos sozinhos?


São centésimos de segundos de lucidez

E já dá para nos ver de fora

Mas quanto mais dentro, mais fora.