Mais uma poesia




Não me espantei quando vi que aquela poesia tinha tudo a ver com a gente.
Ela dizia algo sobre você morar por aqui.
No fundo, com aquele nosso jeito de olhar, eu pensei que você viria.
Mas você foi embora.

Já faz um tempo e eu nem me lembro mais do seu perfume.
Eu lembro que gostava.
Mas não consigo puxar da memória nenhuma referência exata.

Apesar daquela poesia dizer muito sobre nós.
Eu te fiz várias outras.
Inúmeras canções.
Talvez esse seja meu jeito de dizer que gosto de alguém.
Ou talvez seja um jeito de me confortar.

As vezes me perco no que é real e no que não é.
Será que eu interpretei aqueles olhares corretamente?
Será que inventei um significado na minha cabeça?
Ou será que eles queriam dizer qualquer outra coisa?

Aquele beijo foi perigoso demais
Porque ele afetou muito além do meu corpo.
Ele penetrou meus sentimentos e fez um rombo enorme no meu peito.

Dias depois estava eu apreciando uma ópera
Chorando a ponto de quase ficar sem ar
Um copo de vodka na minha frente
E depois disso eu fui te encontrar.

E você não apareceu.

Tinha escrito outras poesias mais...
E você não apareceu.

Saí de lá.
Voltei pra casa meio cambaleando.
Cheguei
Baixei as luzes.
E passei muito mal.

Parece que era o que eu precisava...
Acordei no outro dia muito mais sarada de você.
E segui minha vida.

Mas hoje acordei assim...
Nostalgica.

Ontem me veio a pergunta:
"Quem sou eu?"
E eu te respondo:
Sou alguém que transforma a dor em poesia.