Saudade




Ai! Saudade dói.

Dói mais que um disco riscado
Dói mais que um vidro arranhado.

É um anzol que numa pegada
tira toda a nervura entranhada.

É um espelho em que se trisca e quebra
É uma ferida que se abre com pedra.

É chuva que alaga e transborda
É choro que desagua e acorda.

Com ou sem metáfora, dói a saudade
Dói pelo apego, sem proximidade.



Espera



Em um primeiro momento, a esperança. 
Com ela vem a ansiedade e o sorriso contido.
Logo após a tristeza. Com ela a incerteza, o imprevisível.
A angústia toma conta.
O ser se enche de porquês e esperanças vãs.
Por fim, a raiva. 
A certeza da inquietude. 
O sentimento começa a ferver e envenenar o interior.

Não vem. Não chega. Não avisa.

A espera tem fases. Até que um dia…

Para-se de esperar.