Distance

Tatuei em minha pele
O teu rosto e teu nome
Em formato de chuva
Que escorre e some
No meio do deserto
Que se torna meus dias
Vivo apenas de fantasias.

Eu sei que te faço poesia
Quando estás em minha cama
Não estou mais vazia
Meu amor se derrama
Mas quando tu não estás
O meu fardo é pesado
Deixas meu coração desafortunado.

Se não existe nós
Fico louca, eu juro
Perco minha cabeça nesse infortúnio
Fico a te procurar
Não entendo seu rumo
Peço-te para ficar
Ficas em cima do muro.

Penso em ti toda hora
De ti não esqueço
Penso se por mim
Também sentes desejo.

Quando olho pra mim
Já não vejo mais nada
Sem teu amor é meu fim.

Sinceramente

Ando a encenar minhas falas
Demoro a cair no sono presa em devaneios
Porque toda noite, ao dormir, logo te calas
E ensaio dizer que gosto-te sem rodeios.

Teu sorriso é meu plano de fundo
Seus gestos sem jeito aceleram meus batimentos
Nesse momento esqueço do mundo
Porque seu olhar desperta-me sentimentos.

Entre tu e eu há muitas milhas
De longe te cuido em meus pensamentos
Fico a pensar se comigo tu compartilhas
Um gesto, um beijo, nossos momentos.

As terças podem se inverter

Eu vivi um inferno em dois dias
E voltaram aquelas oscilações inconstantes de outrora
Aquelas que eu acreditei que não mais passaria.
O desprazer da incerteza
A angústia da espera
O adiamento do previsível lamento
A negação
O afastamento.

Eu vivi dois dias coberta com um manto de desolação
Chorando sem saber se a dor iria parar
Mesmo sabendo que um dia ela passa
A pressão no peito é tão forte que por um segundo acreditamos que a dor vai ser eterna.

Ah, eu me lamentei por dois dias...
Até aceitar a situação
Até entender que não me querias como eu te quero
Até entender que não há mais maneiras de seguir em frente.

Eu passei horas sem me levantar
Imersa em pesadelos com a tua face
Abria os olhos e te via
Fechava os olhos e te encontrava.
Eu passei horas me debatendo de dor
Procurando algo sólido
Remexendo os pensamentos.

Eu encontrei meu erro...
O mesmo de sempre.
Não se pode dizer o que sente.
Segue-se calado até o fim da estrada para que ela possa ser prolongada.
E como o fim do verão...
As folhas voltam a secar.


Ensaio te pedir pra voltar, porque morro de medo que se vá.

Rima da saudade

Sinto falta das fotos que não tiramos
Sinto falta dos momentos que nos amamos.
Sinto falta do sol a arder de dia
Pois sabia que quando ele se deitasse, logo eu te veria.
Sinto falta das madrugadas
Beijos, carícias e mãos suadas.
Sinto muita falta do seu sorriso
E da sua preocupação ao dizer "tenha juízo".
Sinto saudade da sua pele
E de um lugar quente que eu não me congele.
Sinto sua falta, por aqui tu não estar
Mas vives no peito onde é o seu lugar.
Sinto falta do seu toque, seus gestos e seu jeito.
E é nisso que penso toda vez em que me deito.
Por fim quero que saibas que a ti eu me rendo
E é por isso que a saudade está aqui me corroendo.
Nada posso te cobrar, mas te peço por favor,
Não sumas de mim agora, pois por ti já tenho amor.

A luz do Adeus

Hoje está um sol tão bonito.
Sol de despedida.
A mesma luz de outrora
Uns 5 anos atrás ou mais
Quando do alto da escada
Eu olhava a cidade
E de alguma forma ela se despedia
O vento me dizia...

A luz está boa
As árvores verdes
O vento contente
Um clima agradável
Eu queria ir no parque me despedir.
As noites estão amenas
O ar me diz adeus...

Dor sincera

Tuas palavras de saudade não trazem alegria
Não trazem alento
Não trazem energia

Tuas palavras trazem mágoa
Dores de estômago
Um balde d'água.

Tua saudade... Pouco acredito
Vives imerso em egoísmo
Só provocas conflito.

Ah, que alento me restava
Te vendo e vivendo
Deixei de amar o que muito amava.

Saudade

Ai! Saudade dói.

Dói mais que um disco riscado

Dói mais que um vidro arranhado.

É um anzol que numa pegada

tira toda a nervura entranhada.

É um espelho em que se trisca e quebra

É uma ferida que se abre com pedra.

É chuva que alaga e transborda

É choro que desagua e acorda.

Com ou sem metáfora, dói a saudade

Dói pelo apego, sem proximidade.

Espera

Em um primeiro momento, a esperança. 

Com ela vem a ansiedade e o sorriso contido.

Logo após a tristeza. Com ela a incerteza, o imprevisível.

A angústia toma conta.

O ser se enche de porquês e esperanças vãs.

Por fim, a raiva. 

A certeza da inquietude. 

O sentimento começa a ferver e envenenar o interior.

Não vem. Não chega. Não avisa.

A espera tem fases. Até que um dia…

Para-se de esperar.

Longe

Já estou tão longe...
Não devo me preocupar.
Ou acho que não deveria.
Pensando bem... Já me preocupei demais.
Agora é hora de deixar ir tudo aquilo que não quer ficar.
É lembrança
Pessoas
Coisas
Amigos.

Já estou tão longe...
A possibilidade de voltar e quase nula.
Por que então pensar que devo cultivar certas coisas?
Não. Não preciso.
Pode ir. Pode se debandar.
Não pode ficar porque já não está.

Já estou tão longe e,
tanto tempo se passou.
E chega uma hora que a ausência para de doer
Vira conformidade
E aí
Já não é mais nada.

Eu já estou longe
O tempo passou
Nada ficou
Deixei tudo para trás
E tudo me deixou.

Aqui de longe
Já não posso mais ver.
E já nem quero mais.

Partida

Vá lá...
Não vou mentir.
Sofri por uns dois ou três dias.
Mas não foi um simples lamento... Eu realmente sofri.

Deitei na cama, agarrei o travesseiro.
Na primeira noite eu nem dormi;
nos únicos momentos de cochilo ainda sonhei contigo.
Ah, que tortura, pah!

Duas imagens que ficaram se repetindo na minha memória
O teu sorriso e a tua partida.
Jurei que não irias. Jurei.
Tinha convicção.
Era ali o momento. Era ali o começo. Era ali que tudo ia mudar.

No primeiro dia sofri, mas decidi-me a não sofrer.
Quando me dava conta já estava martirizando-me novamente.
Era você... Sorrindo e indo embora.

Teu perfume ficou.
Eu nem gosto do teu perfume.
Mas eu amo, porque é seu.

Tu foste. Não deixaste nada.
Não falaste nada.
Não voltaste.
Ficaste sei lá onde.
Sorrindo com outros.

Sofri dois ou três dias.
Já não lamento-me mais.
Agradeço-te.
Pois desse lindo desamor.
Nasce a minha poesia.

Secou

Não há mais chão.
Nem quero que exista.
Flutuo sem saber quando vou ter algo firme para apoiar.
O que restava já se esgotou.

Era tudo o que restava...
Um abraço apertado
Um longo aperto de mão.

O mundo caía.
Mas ainda havia uma mão.

Era tudo que restava.
Mas se acabou.

*dói dizer, mas só é dito porque se doeu mais.*