Eu não sei para onde correr.
É noite e o sol não se demora a levantar.
Mas me perdi nessa noite estrelada em que as moléculas se agitam e de alguma forma começam a ampliar a sua luz.
Bem, talvez não seja apenas as moléculas e sim a falta de foco que meus olhos tem devido a falta dos meus óculos.
É claro que Vênus fica ainda maior e mais luminoso... Talvez com minhas lentes ele deixaria de ser um risco brilhante para ser apenas um círculo.
Apenas?
Lembro quando me dissestes que havia dado meu nome à Vênus porque poderia admirá-lo por todas as noites.
E lembro também de sentir minha barriga gelar.
Ora, não sou nada perto de Vênus e também gostaria de ter sido nada para você.
Ah, esse frisson tem me incomodado... Ele diz algo... Diz que falta...
Mas falta o que?
Eu gosto desse frio, desse cobertor, desse vinho e desse céu claro.
Eu gosto dessa rede, desses livros e dessa lareira.
E de mágico o que me resta?
Apenas viver. Pois eu sou meu próprio artista.
Não há porquê impressionar, pois daqui levarei apenas o meu público...
Que é a imagem que vejo nesse vidro que me reflete.
É apenas eu mesmo.