Une lettre pour vous


De fato sabes que escrevo a ti somente por formalidade, não me entretê ter sua face em mente enquanto apenas gasto dessa tinta. 
É bem verdade que tenho estado sozinha, não nego os boatos que circulam pelo chateau, mas muito mais verdade é que me sinto bem comigo e só, com essa vista dos deuses e com o reflexo desse azul infinito esbaldando-se por entre meu quarto.
Minhas manhãs tem sido banhadas de sol e o perfume das flores penetram minhas narinas a cada passo que eu dou.
A baixa atmosfera as vezes me deixa tonta, e quando eu me canso, subo nas colinas para poder me encontrar com o vento. 
Quando as nuvens se desfazem e pesam sinto cada toque em meu corpo sem com que eu precise me esconder.
Livre por esses montes me sinto feliz por estar longe dessa hierarquia do sentir. Estas disputas me exaustam. Femme e male me cansam.
Que proza insignificante! Nada nunca te provarei. Sei que és irrigado por um ego desigual e minhas palavras soam tolas e murchas quando te encontram.
Sei que pensas que eu tenho estado enebriada. De fato estou, mas tudo que eu sinto por ti é pena.
Irei agora promover meu contento, e quando lerdes esta carta já estarei ainda mais longe enquanto tu desfaz-se em lágrimas.

Como entender um poeta...



De tantas formas existentes para entender um poeta, não há como entendê-lo.
Ele aparece, some, inventa, cria, apega, ilude, faz-se apaixonar, faz-se sofrer, vai embora e depois volta.
Quem é que entende o vazio causado por um poeta depois que ele se vai?
A dor dele é maior, pois ele não pode ficar. Não pode ir além do papel.
Por tanto sentir, precisa sair, experimentar o novo e deliciar-se ou acabar-se no meio de si próprio.
Não é fácil afastar o grafite do papel, isso significa parar de sonhar, parar de viver, isso significa acordar.
Não se assuste se nada fizer sentido, o que importa são somente as palavras. 
Não ligue se não entendê-las, o poeta sabe o que cada uma delas são, só não sabe como organizá-las. 
Para entender um poeta, mergulhe em suas letras, se deixe bagunçar, espalhe-se...
Você vai sentir cada toque das frases, mas ainda assim não vai entender o poeta.

Cada poesia tem sua hora
Agora não tem valor, outra hora se demora
Como se fosse inevitável não sentir.

Entre tantas formas de não entender um poeta escolha entendê-lo, deixando-o só.

Emptiness


Ao som do piano eu compreendo
Revivo, revigoro, sinto
Ao soar das notas eu me movo
Me dirijo, ando, fecho os olhos.

Te encontro, pois a sua voz é a minha canção
É a corda que me puxa para a vida
A palavra que faz o mundo ter sentido.

Ao som do piano eu sinto o ar
Porque ele só me diz você
Porque me completa
Porque me tira o vazio.

Deixo-te ir, pois o amor não prende
Liberta
Crio asas para acompanhar.

Ao som do meu piano tu danças
E ao teu ritmo crio nossos passos
Ao som da tua voz traçamos nosso caminho
Abrimos as portas do nosso interior e simplesmente sentimos.

Oh, poet!



Todo poeta foi feito para decepcionar.
Nenhum poeta é capaz de amar além do papel.
É por isso que se escreve, porque se ama.
Se apenas amasse, não se escreveria.

Nenhum poeta é capaz de viver tudo o que escreve
Nada supera as tão simples espectativas.
E é por isso que se escreve
Para sentir o que não se pode sentir.

Todo poeta vive sozinho
Não completamente, mas mentalmente só
Se fosse rodeado e completo
Não haveria motivo para escrever.

Se está cheio, faz-se esvaziar
Se está vazio, faz-se encher
É a mágica de poder escrever
Criar, vivenciar, aprender e deixar ir.

Se o mundo fosse perfeito, não existiriam os poetas.

Just a verse


Eu sempre fui poeta.
Talvez não com as palavras, mas com o sentir.
E o que importa para o mundo ser sensível de mais, incompreensível demais, triste ou bonito demais?
Não faz diferença.
O que move são os sentimentos.

Não vou forçar palavra alguma.
O que tiver de vir, virá.