
E eu que já estou imune a toda essa dor que insiste em me açoitar.
Já não sinto mais nada.
Posso sentir minha indiferença sulgando as lágrimas que deveriam cair do meu rosto e a dor que deveria estar me consumindo.
Eu queria poder implorar para ter tato, mas já não posso sentir.
O frescor do ar entra em minhas veias e só posso sentir o gelo predominando as minhas partes que ainda pulsam.
Gelo e Rocha. Uma vez gelo, inverno sem fim. Uma vez rocha, dureza infinita.
Tentei ser, consegui.
Tentei fugir, escapei.
Tentei congelar, petrifiquei.
Tentei esquecer, esqueci.
Mas graças a isso me prendi num mundo inexistente, inventado, vida criada, sofrida.
Te culpo por me fazer congelar e já não ser mais vulnerável a tristeza.
A única dor que eu sinto é a dor de não sentir, de ser um nada, de estar vivendo. Vivendo simplesmente sem emoção.